Técnicos da Prefeitura Municipal de Salvador, convidados para participarem de treinamento na Academia de Adaptação Climática da C40, na cidade de Roterdã, Holanda, entre os dias 10 a 13 de dezembro, reuniram-se nesta terça-feira (17/12), na sede da Defesa Civil de Salvador (Codesal) para avaliarem as experiências vivenciadas e como aplicá-las na capital baiana, partilhando as informações com o demais gestores da Codesal, que estiveram no encontro.

Integraram a equipe que viajou à cidade holandesa, o subsecretário João Resch, a diretora de Resiliência, Adriana Campelo, a gerente de Resiliência, Daniela Guarieiro, pela Secretaria Municipal de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), órgão que liderou o processo, o diretor geral Sosthenes Macêdo, a coordenadora de Ações de Prevenção e Redução de Riscos, Gabriela Morais, pela Codesal, o diretor de engenharia da Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas, Adolfo Luz, o chefe  de gabinete da Fundação Mario Leal Ferreira, Fagner Dantas e o assessor especial da Secretaria de Mobilidade (Semob), Diogo Ferreira. O grupo foi assessorado por Matheus Ortega, do Planejamento de ação Climática para a América Latina do C40.

Conectando mais de 90 das maiores cidades do mundo, entre as quais Salvador, a C40 Cities Climate Leadership Group representa mais de 650 milhões de pessoas e um quarto da economia global. O objetivo é elaborar ações urbanas que busquem reduzir os gases de efeito estufa e riscos climáticos, além de projetos voltados para ampliar a saúde, bem-estar e oportunidades para os cidadãos que vivem naqueles ambientes urbanos.

ADAPTAÇÃO CLIMÁTICA

Em função das mudanças climáticas é esperado que eventos extremos ocorram com mais frequência e severamente, o que teria impacto significativo em cidades de alta densidade populacional e situadas em locais vulneráveis e particularmente expostas a tempestades, inundações, seca e ondas de calor. Há cidades que, por serem centros de comércio e inovação, se posicionam como líderes de ações climáticas positivas. Outras não dominam o conhecimento, capacidade e poder de financiamento para uma adaptação eficientes às mudanças no clima.

"Como resposta a esta questão, a C40 e a cidade de Roterdã criaram conjuntamente a Academia de Adaptação Climática que busca auxiliar cidades no desenvolvimento de um plano realista e integrado com outros setores por meio de treinamento e assistência técnica a partir de um amplo grupo de profissionais de adaptação", explica Matheus Ortega.

Ao longo de quatro dias, foram apresentados aos técnicos da Prefeitura de Salvador conhecimentos técnicos destinados ao desenvolvimento de cada passo do Plano de Ação Climática com vistas a sua aplicação na capital baiana, tendo como abordagens a avaliação de risco, desenvolvimento estratégico, implementação e integração, além do monitoramento e avaliação. Durante as atividades foram realizados exercícios práticos que ajudaram a construir os tijolos para a estratégia de adaptação que pode ser completada pelos atores em suas áreas de atividade, explica Ortega.

PAE E DEFESA CIVIL

O diretor geral da Codesal, Sosthenes Macêdo, afirmou que “as soluções urbanísticas e adaptativas aplicadas em Roterdã são passíveis de serem aproveitadas pelo Plano de Ações Estruturais (PAE), desenvolvido desde 2016 pela Codesal, principalmente em questões de alagamentos de área”. Esse plano desenvolve ações voltadas para comunidades onde se urge a identificação de riscos e a adoção de medidas preventivas, expressas em intervenções que possibilitem maior segurança.

Sosthenes disse ainda que os modelos apresentados podem ajudar a implementar as ações de formação dos Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdecs), e o Programa Defesa Civil nas Escolas (PDCE), atividades que têm como objetivo capacitar comunidades para contribuírem com a redução das ocorrências em áreas de risco, utilizando metodologias participativas, valorizando o conhecimento e a proatividade desses grupos.

“Foram atividades proveitosas, de intensa partilha de conhecimento técnico, o que seguramente possibilitará ao nosso órgão um maior engajamento colaborativo na implementação do Plano de Adaptação e Mitigação da Mudança Climática de Salvador, ao agregar em nossas estratégias a experiências bem-sucedidas apresentadas pela Academia”, avaliou Sosthenes Macêdo.

OPINIÃO DOS PARTICIPANTES

  • “Tratou-se de uma experiência importante de gestão que pode ser trazida para Salvador de modo a torná-la uma cidade adaptada para as questões climáticas”. João Resch Leal, subsecretário da Secis.
  • O treinamento na Academia de Adaptação de Roterdã faz parte da construção do Plano de Adaptação e Mitigação da Mudança Climática da cidade de Salvador. O treinamento foi extremamente positivo para os colaboradores da prefeitura que lá estiveram. Foram órgãos diferentes por que o nosso objetivo é que o plano seja pragmático e que seja colocado em ação com celeridade. Na realidade do plano integra a estratégia de resiliência que foi lançado no começo deste ano. E, desde então, a cidade tem trabalhado numa agenda de adaptação muito forte, não só com o C40, mas com outras internacionais, como a Fundação Rockfeller e a GIZ que é a agência alemã de cooperação internacional. Adriana Campelo, diretora de Resiliência da Secis.
  • “Comparada a outras cidades do mundo, que vêm promovendo adaptações climáticas, Salvador se posiciona com destaque”. Matheus Ortega, assessor de Salvador C40.
  • “Cabe a FMLF conseguir a sinergia dos órgãos participantes do C40 para a implementação de projetos entre governo e comunidade de modo a construir políticas públicas”. Fagner Dantas, chefe de gabinete da Fundação Mario Leal Ferreira.
  • “As soluções aplicadas em Roterdã podem ser incorporadas a projetos locais voltados a minimizar problemas, a exemplo de alagamentos, e também utilizando os espaços urbanos para fazer adaptações frente as mudanças climáticas, inclusive em parceria com a iniciativa privada para construir projetos mais inteligentes nos espaços públicos. ” Adolfo Luz, diretor de engenharia da Seinfra.
  • “Foi uma oportunidade de aprendizado de experiências voltadas a otimizar investimentos pela prefeitura para benefício da população. Daniela Guarieiro, gerente de Resiliência da Secis.
  • “A adaptação da realidade urbana às mudanças climáticas, tema central das atividades em Roterdã, é de fundamental importância para nossas atividades preventivas em áreas de risco”. Gabriela Morais, coordenadora de Ações de Prevenção e Redução de Riscos da Codesal.
  • “Os projetos de solos permeáveis em obras nos espaços públicos são fundamentais para reduzir a vulnerabilidade em épocas de chuvas. A experiências apresentadas podem ser replicadas em Salvador. Diogo Ferreira, assessor especial da Semob.

BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO

  • Aumentar o conhecimento de funcionários do município em princípios de adaptação climática, contribuindo para a incorporação destes em seu trabalho diário.
  • Acesso a ferramentas e recursos únicos sobre mudanças climáticas e contato com renomados profissionais para ouvir suas experiências.
  • Fortalecer a colaboração interdepartamental através de exercícios em grupo.
  • Visitas de campo para projetos de inovação e solução em adaptação.

SOBRE O C40

O grupo C40 de Grandes Cidades pela Liderança Climática (C40) é uma rede de grandes cidades do mundo todo, engajadas e comprometidas a implementar ações significativas e sustentáveis relacionadas ao clima, que ajudarão a confrontar a mudança climática globalmente. A C40 foi estabelecida em 2005 e expandida através de uma parceria com a Clinton Climate Initiative (CCI) em 2006.

A C40 conecta mais de 96 países e suas cidades para promoverem as necessidades urgentes e essenciais da ação climática de modo a garantir sustentabilidade e um futuro próspero e saudável para os cidadãos em todo o mundo. Representando 700 milhões pessoas e um quarto da economia global, prefeitos da rede C40 têm o compromisso de cumprir as metas mais ambiciosas, objetivos do Acordo de Paris.

A Prefeitura de Salvador, por exemplo, constrói seu Plano de Adaptação e Mitigação da Mudança Climática que conta com o apoio da rede C40 e integra a Estratégia de Resiliência da Secis, lançada no começo deste ano.

As metas climáticas, que precisam ser entregues pelos prefeitos, estão cada vez mais claras: as emissões precisam atingir o pico até 2020 e cair rapidamente depois disso. Emissões médias per capita em cidades membros da C40 precisam sair do nível atual de 5,3 toneladas de CO2 por pessoa para cerca de 2,9 toneladas até 2030 e zero até 2050.

Ao estabelecer o padrão para todas as cidades, os a C40 desenvolveu e implementou um acordo de Paris compatível, empurrando as metas de cidades maiores e mais influentes. Por exemplo, a cidade de Nova York aumentou sua meta de redução de 80% das emissões de GEE em 2050, para neutralidade líquida zero total de carbono pelo mesmo prazo. Londres, Paris e Barcelona aumentaram de forma semelhante as metas climáticas.

Os benefícios do Plano de Adaptação e Mitigação da Mudança Climática das cidades são evidentes. As cidades que fizerem a transição de sustentabilidade celeremente também serão as cidades mais saudáveis, ricas e habitáveis ​​do futuro. Cidadãos e empresas voltarão a optar por viver, trabalhar e operar nessas cidades que estão protegendo o clima e protegendo seus cidadãos.

Por fim, os esforços da C40 são construídos para orientar os prefeitos a apostarem em metas ambiciosas, transformando suas cidades em modelos de um futuro seguro para o clima.